PRECISAMOS FALAR SOBRE OS SINDICATOS
Antes de entrar no assunto deste pequeno texto é preciso tecer algumas considerações... Primeira: não integro direção de sindicato. Segunda: não pretendo me candidatar a qualquer cargo político. Terceira: não sou – e nem fui – filiada a qualquer partido. Quarta: meu marido tem empresa há quarenta e sete anos – o que significa que é empregador e não empregado. Mas não posso ficar inerte ao que tem acontecido, recentemente, na região.
Presenciei, em dias recentes, muitos trabalhadores fazendo fila, em frente a sindicatos, para exigir desfiliação. Justificativa: “não desejam enviar dinheiro para o presidente Lula”. Oi? Tenha paciência! A contribuição sindical é cobrada, somente uma vez ao ano, para que sindicatos se mantenham ativos na luta pelos direitos dos trabalhadores. Corresponde a um dia de salário do trabalhador.
Constato, nesta debandada de desfiliações, uma forte influência de empregadores que desejam, evidentemente, ter total poder sobre seus empregados. Faço aqui uma observação: o empregador não faz qualquer favor quando emprega. Ele está se beneficiando, da mão de obra, para obter lucro. Paga por um serviço que não sabe ou não quer executar.
Sem trabalhadores dispostos e comprometidos a máquina não gira. E não há geração de riqueza. Empresa, sem mão de obra, fecha fatalmente as portas. Reitero: o empregador não está fazendo favor algum quando oferece emprego. Está, somente, pagando pelo serviço que é executado. Serviço este que, sem pessoas dispostas a executá-lo, não haveria e não geraria riqueza ao empregador.
Os sindicatos, para quem faz de conta que desconhece, atuam na defesa dos direitos dos trabalhadores. São os representantes coletivos nas negociações com empregadores. Buscam melhores condições de trabalho, salários justos e benefícios outros. É dever do sindicato fiscalizar o cumprimento da legislação trabalhista e promover ações para garantir a justiça social. Fica a pergunta: sem o sindicato quem vai negociar reajustes e garantir que os trabalhadores mantenham seus direitos? Você, que cogita a hipótese de se desfiliar, tem a coragem necessária para lutar por aumento de salário? Tem conhecimento de legislação para, em caso de demissão, não ter seus direitos negligenciados? Ou é um daqueles que acham que o empregador faz um favor ao lhe dar um emprego e não pode ser questionado? É isso que empregadores que estimulam as desfiliações desejam... Funcionários submissos, desconhecedores de seus direitos e sem um porto seguro para buscar em caso de descumprimento das leis.
Não há como ficar inerte a esta tentativa que empregadores estão fazendo de acabar com os sindicatos. Não há como fechar os olhos quando milhares de empregados ficarão à mercê das vontades do poder econômico. Neutro? Só se for sabonete de bebê. (Aline Brandt de Campos/Jornalista/Graduada em história e letras/Mestre em história)


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