DESENVOLVIMENTO NA FRONTEIRA COM O URUGUAI???


 Escrevo este artigo como cidadã... Não como jornalista. Que fique bem claro – já que existem ocupantes de cargos políticos que, quando recebem crítica de pessoas ligadas às comunicações, falam, aos quatro ventos, “é porque não estamos gastando”... É preciso, antes de entrar no tema, perguntar: quem trabalha de graça? Nem o despertador do celular – que precisa ser acionado. Muito menos nossos representantes políticos – que, além de salários nada modestos, têm direito a verbas indenizatórias bem substanciais. 
Mas vou ao que realmente interessa. Sabe-se que ocupantes de cargos públicos (políticos, assessores e demais funcionários) têm direito a diárias para cobrir despesas com alimentação, hospedagem e locomoção quando estão, a serviço, fora da cidade onde residem/ocupam cargo. As diárias têm natureza indenizatória. Servem para reembolsar gastos extras do servidor no desempenho de suas funções. Não integram a remuneração. O pagamento é feito mediante autorização e requer prestação de contas.
As diárias, como nossos representantes, em todas as esferas, gostam de dizer, são legais. As regras para a concessão são estabelecidas em leis e regulamentos de cada órgão público. Que as diárias são legais não há dúvida. Contudo: será que os gastos excessivos são morais??? É preciso refletir sobre isso. 
O cidadão, além do direito de eleger seus representantes, tem a obrigação de fiscalizar se o dinheiro público está sendo aplicado de maneira eficiente. E fica bem mais fácil fiscalizar quem está próximo (vereadores, assessores, secretários, prefeitos, vice-prefeitos...) e conhece a realidade da cidade. 
O mundo está cada vez mais globalizado. Tenho amigas em Portugal e em outros países. Sou, além de jornalista e professora, escritora. Já publiquei poesias, crônicas, contos... em coletâneas de diversas partes do mundo. Envio, através de mensagem, o material para ser publicado. Participo dos lançamentos por meio de lives. Os detalhes são combinados através do computador/celular. Prático, simples, econômico... Pago impressão de livros e vendo milhares de exemplares via PIX (depósito instantâneo de valores).
Acredito que, como muitos dos ocupantes de cargo político, em nosso município, têm afinidade com deputados estaduais e federais, as viagens que fazem poderiam ser evitadas com uma simples chamada via WhatsApp. A deputada federal Maria do Rosário esteve, dias atrás, em Carazinho. Anunciou emenda de 200 mil para o HCC (Hospital das Clinicas de Carazinho). Nenhum vereador, secretário ou assessor precisou ir a Brasília pedir que a parlamentar destinasse auxílio financeiro para o HCC. A iniciativa dela foi espontânea. 
Se a viagem se faz, de fato necessária, o mínimo que se espera dos viajantes é um pouco de economia. Tenho dados recebidos, de um informante estratégico do jornal Correio Regional, que dão conta da existência de um recente fato curioso e nada econômico para os cofres públicos. Uma vereadora, largamente votada em 2024, esteve recentemente em Porto Alegre e teria se hospedado, acompanhada da assessora, em hotel de luxo, com diárias de 900 reais (cada uma). Nem quando estou de férias – que não são pagas com dinheiro público – gasto tanto em uma diária!!! Em Porto Alegre é possível se hospedar, com conforto, a partir de 200 reais. Também não vejo necessidade de viajar em comitiva. Uma pessoa, com boa vontade, pode conseguir os mesmos resultados que uma delegação. É sobre o uso de dinheiro público que estou falando.
Também me foi informado que, no início do mês de agosto, dos 35 funcionários da Câmara de Vereadores de Carazinho, 17 viajaram a Porto Alegre (período de 4 a 8 de agosto). Uns iam... Outros voltavam... Uns iam... Outros voltavam... Até agora nada se sabe sobre “conquistas obtidas”. Será que foram fazer algum curso? Fiz minha segunda graduação totalmente online. Uma graduação!!! Bem prática, simples, econômica... Também costumo fazer cursos de atualização online... Tem vários disponíveis na internet e, inclusive, são gratuitos! Imagine só! A tecnologia nos facilita tudo. E também, é claro, está ao alcance da classe política.  
Outro fator que causa espanto são as viagens, de secretários, para cidades turísticas. E acredito que não se hospedam em pousadas modestas – como faço quando visito Gramado, Canela, Santana do Livramento (para fazer compras em Rivera/Uruguai)... Só que eu trabalho – e muito – para comprar o que desejo e viajar nas férias. É dinheiro suado. Portanto: economizo. O que evidentemente não acontece quando se fala em dinheiro público. Não posso ficar inerte. Neutra? Jamais. A omissão não combina com a minha personalidade. (Aline Brandt de Campos/Jornalista, graduada em história e letras, mestre em história, professora e cidadã de Carazinho) 

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