Tem vida feliz na terra

   
    

    Ainda não deixei de sonhar com um mundo só de alegria. Um mundo sem o menor risco de desventura. Um mundo de gente, de todas as idades, falando, brincando, sorrindo... Ainda não deixei de sonhar com um mundo assim. Tenho, em parte, culpa disso. Alimento esse sonho com ações, pensamentos, leituras, observações... Sim!!! Eu fico horas, todos os dias, pensando e observando o andar do tempo. 

    Raciocina aqui comigo!!! O que viria à sua mente se enxergasse, neste instante, na rua em frente a sua casa, um casal, na mais plena harmonia, de mãos dadas com o filho de três anos? Pois saiba que eu vi essa cena, hoje bem cedo, quando abri as janelas da casa. O casal caminhava, em silêncio, na direção bairro/centro. O menino não caminhava. O menino saltitava. Era a alegria pintada pelo melhor artista. Era a alegria que coloco nos meus sonhos. 

    Pensei... Esse menino é um protótipo do habitante feliz que poderia ser visto em todas as partes da terra. Esse menino, com sua rica alegria, bem poderia ser multiplicado. Imagine a gente ter um planeta inteiro ocupado por gente que ri. Gente que expressa a alegria interior no iluminar das faces.  Gente que sorri ao cumprimentá-lo ou simplesmente porque não consegue conter, sem confissão, aquilo que vai pelo seu íntimo. 

    "Criança feliz/Feliz a cantar/Alegre a embalar/Seu sonho infantil/Ó, meu bom Jesus/Que a todos conduz/Olhai as crianças/Do nosso Brasil." 

    Acredito que Francisco Alves e René Bittencourt estavam com pensamentos, tipo os meus, quando elaboraram a letra desta famosa música. É gratificante mesmo ver uma criança mostrando felicidade. Mais gratificante ainda seria fazer perene esse expressar alegria. Esse viver em harmonia com o universo e os seres que nos cercam é o patrimônio que, se quisermos, podemos construir. Basta que imitemos crianças como aquela que vi passando em frente a minha casa. 

    É incontível, porém, a lamentável constatação de que alegria perene só existe nos meus sonhos. Quando vi aquela criança, sorrindo feliz na companhia de seus pais, não pude impedir o raciocínio de que o seu jeitinho tão meigo um dia acabará sendo desfeito. O jeito de sorrir e saltitar será perdido. Será roubado pela irremediável maldade que campeia em toda terra. É uma pena. Mas essa é a mais pura verdade.

    São raras as crianças saudáveis que não têm sorriso fácil. Mesmo as mais humildes - aquelas que ficam na entrada do supermercado a espera de ganhar uma moedinha - se aproximam da gente com o melhor sorriso que têm. São seres - crianças de todas as classes sociais - ainda não maculados pela maldade. Seres que se mantêm no inocente pensar em um mundo feliz. Seres que, se congelados e multiplicados, poderiam, em breve futuro, ser despertados para dar à terra uma nova e feliz povoação.

    Pensemos, nós adultos, nessa possibilidade. Pensemos, nós adultos, nessa direção. Você pode ter alternativas até melhores do que as por mim imaginadas. Então: unamos força e criatividade em favor da pacificação dos espíritos. Criança feliz/Feliz a cantar/Alegre embalar... É!!! Não poderemos jamais voltar a ser crianças. Podemos, contudo, experimentar uma vida pautada por irretocável sorriso. Façamos do sorriso uma forma de generosidade.(Escritora Aline Brandt - Todos os direitos reservados/Lei dos Direitos Autorais N° 9610/98)

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