Tecnologia - Uso com moderação

    Hoje li, em uma rede social, uma frase sobremaneira interessante... O conteúdo era basicamente assim: "Avistei, em um café, um rapaz sem tablet, computador ou telemóvel... Estava somente bebendo café. Achei que fosse um psicopata." A frase, deveras preocupante, me fez refletir...
    Quando era criança costumava brincar, no quintal, na companhia de amigos. Subia em árvores... Jogava bola... Admirava flores e pássaros. Caí... Levantei... Chorei... Sorri... Fui uma criança muito feliz.
    Os anos foram passando... Os interesses mudaram. Eu lia. Lia muito... Por horas a fio. Mas sempre dedicava um pouco de tempo para conversas (mais ouvia do que falava) com amigos e familiares... Observar as maravilhas da natureza era uma obrigação no meu cotidiano. São momentos especiais que guardo em meu coração. Caí... Levantei... Chorei... Sorri... Fui uma jovem muito feliz.
    Beber uma xícara de café ou comer um pedaço de torta de chocolate, para mim, constituía um enorme prazer. Uma espécie de evento gastronômico (mesmo que com um só participante). A jovem que eu era considerava vital sentir profundamente o gosto daquilo que consumia. Café... Chocolate... Sorvete... Tudo precisava ser pacientemente saboreado... Sentido... Inclusive o momento... A companhia (caso tivesse).
    Saborear... Eis a questão... A humanidade está sendo "sugada" para o mundo virtual. Deixa de "saborear" a vida... Não há mais tempo para observar as cores... Sentir os aromas... Tocar corações com palavras e ações. Acho que o episódio do "psicopata" tem sentido... Deve haver realmente, por aí, quem não considere normal aquele que ainda aprecia as pequenas coisas da vida... 
    Sinto que o tablet tem uma certa antipatia pelos meus persistentes costumes. Eu o uso da forma que considero necessária e racional. Sou dos que optaram por "saborear" a vida... Caio... Levanto... Choro... Sorrio... Sou uma pessoa feliz porque a selvagem tecnologia não consegue impedir que eu me integre à natureza e intransigentemente zele pela satisfação do meu paladar. (Autora: Aline Brandt - Todos os direitos reservados/Lei dos Direitos Autorais N° 9610/98)

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