Helena de Assis

    Gosto de histórias... Ouço... Leio... Conto... Não importa se a história é grande ou pequena... Real ou fictícia... De heróis ou simples trabalhadores... De princesas ou escravas... De glórias ou guerras... De vencedores ou derrotados.
    As histórias, se bem contadas, têm o poder de me transportar a outras épocas... Outros lugares. Sinto como se fizesse parte do enredo - uma espectadora privilegiada observando os acontecimentos bem de pertinho.
    Para mim nomear um filho é um ato de grande importância. Sempre acreditei que por trás do nome de cada pessoa existe uma história... Todas as vezes que encontro alguém disposto a contar a sua ouço com bastante atenção. 
    Quando criança quis saber qual era a história do meu nome. Perguntei, aos meus pais, porque escolheram me chamar "Aline". Meu nome, segundo eles, foi inspirado em um personagem de fotonovela (revista de novelas) - publicada antes de eu nascer. "Seu pai admirava a moça que se chamava Aline. Sempre falou que, quando tivesse uma filha, daria a ela o nome Aline" - explicou minha mãe.
    Para um escritor nomear um personagem é ato de extrema importância. Porque um personagem é como um filho e, se receber nome marcante, ficará eternamente na memória dos leitores. Já li centenas de livros com histórias maravilhosas. Porém: de muitos destes livros não consigo lembrar nome da maioria dos personagens. Mesmo suas histórias sendo marcantes seus nomes não ficaram em minha memória...
    Helena, de Machado de Assis, é um nome que jamais sairá da minha lembrança. Isto porque já o conhecia bem antes de ter contato com o livro que relata a história da encantadora mulher Helena. Helena é um nome forte... Sobremaneira marcante. 
    Se um dia eu tiver uma filha mulher é bem provável que a batize com esse belo e garboso nome. Aliás: não me desagradaria se meu pai tivesse escolhido, para mim, o nome Helena. Hoje, é claro, vocês estariam lendo crônicas de Helena Brandt. Mas está muito bem assim. Meu pai foi feliz na opção por Aline.
    Para quem ficou curioso com a obra Helena, de Machado de Assis, sugiro uma passada rápida em qualquer biblioteca... Só não criem expectativas demais. Helena não tem o final ideal para quem, assim como eu, é um romântico inveterado.
   "Era uma moça de dezesseis a dezessete anos, delgada sem magreza, estatura um pouco acima da mediana, talhe elegante e atitudes modestas. A face, de um moreno-pêssego, tinha a mesma imperceptível penugem da fruta de que tirava a cor; naquela ocasião tingiam-na uns longes cor-de-rosa, a princípio mais rubros, natural efeito do abalo. As linhas puras e severas do rosto parecia que as traçara a arte religiosa. Se os cabelos, castanhos como os olhos, em vez de dispostos em duas grossas tranças lhe caíssem espalhadamente sobre os ombros, e se os próprios olhos alçassem as pupilas do céu, disséreis um daqueles anjos adolescentes que traziam a Israel as mensagens do Senhor. Não exigiria a arte maior correção e harmonia de feições, e a sociedade bem podia contentar-se com a polidez de maneiras e a gravidade do aspecto. Uma só causa pareceu menos aprazível ao irmão: eram os olhos, ou antes o olhar (...)" (Assis, Machado. Helena. São Paulo: Martin Claret, 2002. Pág. 26/27)

(Autora: Aline Brandt - Todos os direitos reservados/Lei dos Direitos Autorais N° 9610/98)
    

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