Meu amigo Bob

    Pois é meu amigo... Vejo em seus olhos sinal de plena sinceridade. Sei que você é merecedor da minha confiança. Sempre que conversamos seus olhos se fixam nos meus e, horas a fio, não apresentam qualquer alteração. Você é um grande amigo. Seus olhos me dão essa garantia. É uma realidade. Amigos, assim, são raridade. Mas eu sei. Você é mesmo um bom amigo.
    Você, meu amigo, deixa transparecer as melhores virtudes. Bondade... Sensibilidade... Fidelidade... Coragem... Persistência... Dedicação... Docilidade... Desprendimento... Você é, com certeza, o meu fiel amigo. É muito bom encontrar em um ser tantos ingredientes positivos. Os seus sentimentos são inalteráveis. Acredito, por isso, que a nossa amizade é eterna. Não sofrerá qualquer alteração. Atravessará os tempos alimentada pelo profundo amor que você me dedica... Pelo profundo amor que eu lhe dedico. Você garantiu espaço muito particular no meu coração. 
    Estas palavras são ditadas pela minha relação com Bob - um vira-lata preto e branco (oveiro) que me reconhece de longa distância. Sempre que chego em casa ele faz um dengo para que eu me aproxime e lhe contemple com algumas palavras. O Bob tem todas as virtudes que a gente gostaria de encontrar nas pessoas. O Bob não exigiu o meu amor. Ele me ofereceu, desde bem pequenino, o seu amor incondicional. E, assim, meu amor por ele foi igualmente se perpetuando. Amor de cão... Verdadeiro amor.
    Bob não me faz cobrança. Não fala de dinheiro, política, novela, futebol... Como é bom dialogar com Bob. É um cão faceiro. Um mundo baseado nas atitudes deste meu animal de estimação nem sequer saberia o significado da palavra "guerra". 
    Uma das obras que melhor descrevem a relação do ser humano com o cão é "Marley & Eu" (de John Grogan). Não absorva a ideia de que vai ler nesse livro só elogios para Marley. O cão (labrador) é dotado de uma série de defeitos. Agitado... Desobediente... Intrometido... Preponderam, entretanto, as suas provas de amor. Os defeitos de Marley são infinitamente menores do que o amor que dedica às pessoas que fazem parte da sua vida.

     "Em 13 anos, eu não entrara em casa sem que ele viesse saltitando, se esticando, sacudindo, resfolegando, abanando e batendo o rabo em tudo, recebendo-me como se eu tivesse acabado de voltar da Guerra dos Cem Anos. Mas não naquele dia. Seus olhos me seguiam ao entrar na sala, mas sua cabeça não se moveu. Ajoelhei-me ao lado dele e acariciei seu focinho. Ele não reagiu. Não tentou mordiscar meu pulso, não queria brincar, sequer levantou a cabeça. Seus olhos estavam distantes, e o rabo permanecia imóvel no chão.
    (...) Apesar de tudo, de todas as frustrações e expectativas não realizadas, Marley nos deu um presente gratuito, porém de valor inestimável. Ele nos ensinou a arte do amor incondicional. Como oferecê-lo e como aceitá-lo." (Grogan, John. Marley & Eu. Rio de Janeiro: Agir Editora Ltda, 2005. Pág. 335 e 358)

(Autora: Aline Brandt - Todos os direitos reservados/Lei dos Direitos Autorais N° 9610/98)
     

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