O presente de Esperança

    A menina acordou cedo naquele dia... Bem cedinho já estava toda arrumada. Colocou o vestido xadrez - seu preferido... Nos pés pôs as sandálias novas - presente dos pais... Os cabelos, cuidadosamente arrumados pela mãe, pediu que fossem ornamentados com fitas verdes... Porque verde sempre foi a sua cor preferida.
    A menina estava ansiosa... Queria sair de casa antes mesmo do desjejum. Mas, obediente que era, não ousou negar um pedido dos pais... "A família tomará o café da manhã reunida." Afinal: era um dia muito especial.
    Acompanhada de sua madrinha a menina seguiu, depois, em um ônibus, até o centro da cidade. Seus olhinhos, brilhando de expectativa, observaram a paisagem através da janela. No trajeto percorrido de ônibus falou pouco... Mas pensou bastante... E chegou a conclusão de que era uma menina de muita sorte... Estava completando cinco anos... Vejam só!!! Já tinha uma mão cheia de anos. Agora era, como sua madrinha havia lhe dito, "uma menina bastante crescida".
    A menina percorreu a pé, na companhia de sua madrinha, o restante do trajeto que a separava de seu destino. Pediu que passassem pela praça central. Gostava de caminhar em meio ao arvoredo. Lembrou, enquanto admirava as folhas que rolavam pelas calçadas, a mais recente "conversa de gente grande" que teve com seus pais...
    Neste ano novamente não ganharia uma festa - sonho que acalentava há cinco anos. "As coisas não estão fáceis. É preciso economizar. Quem sabe no ano que vem?". Mas a mãe faria um bolo de chocolate - o seu preferido. E o pai compraria refrigerante. "Você pode convidar dois ou três coleguinhas para fazerem um lanche."
    A menina, de coração generoso, demorou a decidir com quem dividiria bolo de chocolate e refrigerante. Depois de muito refletir confeccionou caprichosamente três convites. Entregou para os colegas que tinha certeza não a decepcionariam. "Estarei lá..." "Pode contar com minha presença..." "É claro que irei...". Recebeu estas confirmações com um sorriso de gratidão.    
    Quando chegou ao seu destino a menina não conteve a emoção. Parou na porta. Admirou o tamanho da loja - com todas as suas cores e possibilidades. A menina ganharia da madrinha, naquele aniversário, uma boneca. "E como você já é uma menina crescida poderá escolher a boneca que quiser" - havia lhe dito, na véspera, a madrinha.
    A menina entrou, de mãos dadas com a madrinha, na loja - que mais parecia o paraíso. Um rapaz muito bonito logo se prontificou a atendê-las... "Em que posso ajudá-las?" - perguntou.
     A menina, esperta como ela só, rapidamente respondeu: "Viemos comprar uma boneca... É meu presente de aniversário. Já tenho cinco anos!!! Uma mão cheia de anos. E, como sou crescida, minha madrinha disse que posso escolher a boneca que eu quiser."
    O atendente, muito gentil, quis saber qual era o nome da pequena cliente... "Bem... Meu nome é extenso demais. Mas você pode me chamar de Esperança... Sim... Pode me chamar de Esperança." (Autora: Aline Brandt - Todos os direitos reservados/Lei dos Direitos Autorais N° 9610/98)

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